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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Homossexuais são impedidos de doar sangue

7/12/2006:
Autoria de Lívia Maia
O Ministério da Saúde, através da portaria 1.366/93 determina desde 1993 que
nenhum banco de sangue do Brasil aceite doações de pessoas que se declarem homossexuais durante a entrevista feita nos hemocentros. O movimento gay brasileiro contesta essa determinação, pois considera que ela não possui fundamentação científica e contribui para o aumento do preconceito contra homossexuais. De acordo com o presidente do Movimento Gay de Minas, Oswaldo Braga, o simples fato de ser homossexual não significa que o indivíduo seja portador do vírus da AIDS. "Eu queria contribuir na doação de sangue. Quando eu disse que era homossexual, fui retirado da fila e encaminhado para um atendimento psicológico. Me senti portador do HIV antes mesmo de fazer o teste", descreve Oswaldo.

Em agosto desse ano, um juiz do Piauí, a pedido do Ministério Público
Federal, concedeu uma liminar e suspendeu a determinação do Ministério da
Saúde para que os homossexuais pudessem doar sangue. A partir de então os
hemocentros de todo o país estariam proibidos de questionar os doadores de
sangue sobre sua orientação sexual. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária recorreu da decisão; a liminar foi derrubada com o argumento de
que essa medida era necessária para diminuir os riscos de transmissão do
HIV. Segundo informações da Anvisa, a restrição para a doação de sangue
entre homossexuais masculinos que mantiveram relações homossexuais com
outros homens em prazo inferior a 12 meses é necessária porque exames podem
não detectar o vírus HIV caso a contaminação seja recente, o que é chamado
de Janela Imunológica.

Sebastião dos Santos Avelar, gerente técnico do Hemominas de Juiz de Fora,
argumenta que estas são medidas que visam garantir a segurança do serviço
oferecido pelo Hemominas. "Seguimos uma determinação da Anvisa que diz que
homens que tenham tido relações sexuais com outros homens nos últimos 12
meses não estão habilitados a doar sangue. Entre eles existem outros casos
de vulnerabilidade que impossibilitam a doação, ser profissional do sexo ou
ter tatuagens no corpo, por exemplo", explica Avelar. Oswaldo Braga, no
entanto, considera que a medida só contribui para reforçar a analogia entre
os homossexuais e a AIDS: "Eu acho muito discriminatória a portaria. Se eu
sou homossexual, mas não transo sem preservativo e tenho parceiro fixo, eu
não posso doar, ao passo que o heterossexual que às vezes vive em situações
de risco maiores que as minhas está habilitado a doar sangue", ressalta ele.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

100 Segredos

Veio e disse que vai demorar.
Não fica não...
Tem algo escondido lá no fundo que,
Bem ou mal
Pode ficar em teu lugar.

Já disse que de longe
Até eu sou normal
Mas também não fiz segredo
ao dizer que, se chegares muito perto
Pode ser fatal!

Quando aquela história começar:
- Não me sinto pior
Só diferente
Nem melhor
Apenas diferente
E é bom
E ruim também
E tão relativo
Que me assusta...


Haverá um pedido:
- Feche os olhos
Somente desta forma
Enxergarás
A verdadeira beleza do mundo!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os 70 anos de Ney Matogrosso, um artista livre

Ney Matogrosso chega aos 70 anos com corpinho de 20. A brincadeira pode parecer dispensável quando se fala de um artista do quilate de Ney. Mas não é. Em plena ditadura militar, Ney começou sua carreira no grupo Secos & Molhados. Com o rosto pintado – uma artimanha para disfarçar sua timidez, confessou o artista mais tarde- ele liberou o corpo. Dançou e rebolou na cara dos censores e deu seu recado por meio das canções. Voz, corpo, figurino, adereços, luz, cenário. Tudo, com extrema maestria, passou a fazer parte de sua arte.
O Secos & Molhados durou pouco. Foram apenas dois discos (1973 e 1974). Ney seguiu. Não há um disco – e já são 30 – do qual não se possa tirar pelo menos um sucesso: “Balada do louco”, “Bandido Corazon”, “América do Sul”, “Homem com h”, “Promessas demais”, “Bandoleiro”, “Viajante”, “Seu tipo”, “Poema”…
Durante sua carreira, Ney nunca teve amarras. Ele podia fazer um show totalmente pop, cheio de guitarras, e, no seguinte, revisitar o repertório de Angela Maria ou cantar acompanhado apenas do violão de Raphael Rabello.
Para quem o acompanha nos últimos anos, vale lembrar que, em 2008, Ney levou aos palcos a turnê “Inclassificáveis”, carimbada como pop. O figurino tinha penas, brilho. Ney se trocava no palco e cantava Cazuza, Marcelo Camelo, Arnaldo Antunes, Pedro Luís. Sucesso total. A turnê foi esticada.
O show seguinte, de 2010, chamou Beijo Bandido e trazia canções de amor e alguns clássicos da canção brasileira como “Da cor do pecado” (Bororó), “A distancia” (Roberto e Erasmo Carlos), “Tango para Tereza” (Jair Amorim e Evaldo Gouveia) e “Medo de Amar” (Vinicius de Moraes). Ney apareceu de terno. Usa apenas, além da iluminação, um banquinho como elemento cênico. O público delira da mesma forma. Ney é igualmente genial.
Em junho passado, a jornalista Anna Carolina Lementy, do Blog Mulher 7×7, entrevistou o artista. A pergunta era sobre preconceito. Ney afirmou o ignorar. “Eu ignoro o preconceito. É a minha vida, e não estou nem aí. Ignoro como ignorei a ditadura. Era como se eu vivesse no país mais livre do planeta. Sou uma pessoa que trabalha, que vivi bem a minha vida. É isso que me interessa. Quem vai regular a minha vida privada? O Estado? A Igreja vai opinar? Eu exijo respeito”.
Talvez aí esteja o segredo. Ney é verdadeiramente livre. Sua arte idem. Poucos podem se dar a esse luxo. Sobretudo aos 70 anos, quando a vida, para muitos, parece pesar demais.  Parabéns, Ney!

Fotos: Arquivo Editora Globo